Nota de apoio e solidariedade aos trabalhadores rurais e camponeses do Complexo Prado e dos assentamentos Nova Canaã, Ismael Felipe, Chico Mendes I e Chico Mendes II.
Nós, abaixo assinados, fazemos parte de vários movimentos sociais e civis de Pernambuco (Movimento de Sem-Teto, Movimento Estudantil, Movimento Feminista, Movimento Sindical, Movimento de Educadores, entre outros). Vimos através desta nota, prestar o nosso apoio e nossa solidariedade à luta dos trabalhadores e camponeses do Complexo Prado, que não se encerrou com a conquista legal das terras.
No sábado, dia 28/07/2007, conseguimos organizar e realizar um ato contra os assassinatos de Zé Graviola e Biu Jacaré, por Justiça e Reforma Agrária. Chegamos na sexta à noite, dia 27/07/2008, e fomos recebidos no assentamento Nova Canaã. Fizemos uma vigília durante a madrugada e nas primeiras horas do sábado seguimos em passeata da Bica até à Feira de Araçoiaba, distribuindo panfletos, conversando com a população e denunciando os crimes que os trabalhadores rurais sofrem em sua luta pela terra.
Sabemos das dificuldades que passaram os trabalhadores do Complexo Prado na sua luta contra o latifúndio e contra o grupo João Santos. Na luta pela Reforma Agrária, bem como nas outras lutas sociais, temos que lutar contra as mentiras da imprensa, contra os interesses dos grupos empresariais e do latifúndio, contra as sentenças injustas do poder judiciário, contra a inoperância dos governos. Sem a união dos diversos movimentos sociais, ainda mais nos dias de hoje, todas as nossas lutas tendem a fracassar. A conquista legal das terras, há quase dois anos, veio acompanhada da falta de uma política de Reforma Agrária e de infra-estrutura para os trabalhadores. Os assassinatos de Zé Graviola e Biu Jacaré são uma prova de que a luta não termina com a conquista das terras. Nós entendemos que os governos estadual e federal também são responsáveis por esses assassinatos, ao não proporcionarem as condições para que os trabalhadores possam produzir e viver com dignidade. Denunciamos esses governos, porque não trabalham em benefício dos trabalhadores e dos pobres. Exigimos deles também que os responsáveis pelos assassinatos sejam presos.
Avaliamos o ato do dia 28/07/2007 como sendo bastante positivo. Entretanto, acreditamos que apenas a realização do ato não será suficiente para trazer mais segurança aos trabalhadores. Outros assassinatos podem acontecer (sabemos das tocaias e das ameaças existentes) e temos a obrigação de realizar os esforços necessários para evitá-los. Outras atitudes devem ser tomadas. São os assentados que através de suas associações devem decidir o que fazer para que com apoio dos movimentos organizados de luta pela terra e a solidariedade dos companheiros de outros movimentos sociais possamos enfrentar os inimigos.
A nós, integrantes de movimentos com atuação mais voltada para os problemas da cidade, cabe a solidariedade e o apoio às decisões tomadas pelos trabalhadores rurais e camponeses que fortaleçam sua capacidade de organização e luta por uma Reforma Agrária verdadeira. Por fim, afirmamos que estamos à disposição para nos juntarmos em outros atos e atividades que os trabalhadores do Complexo Prado julguem necessárias em sua luta pela Reforma Agrária. Espacialmente neste momento, em que vidas foram perdidas e outras estão ameaçadas.
Recife-PE, Agosto de 2007.
Assinam:
ABONG (Associação Brasileira de ONGs), Associação de Catadores União e Força, Coletivo ‘Chico Mendes’, CCLF (Centro de Cultura Luiz Freire), CONLUTAS PE (Coordenação Nacional de Lutas), CUT PE (Central Única dos Trabalhadores), Escola de Formação de Educadores Sociais, Fórum de Mulheres de PE, Maracatu Ressaca Rosa Vermelha, MFST (Movimento de Famílias Sem Teto), MLPM (Movimento de Luta pela Moradia), Rede de Mulheres da Zona da Mata de PE, SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia, UCS (Unidade Coletivo Social).
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